Muito se houve falar em TDAH hoje em dia, algumas vezes até de maneira leviana, pois o termo passou a ser usado pela população em geral como forma de se referir a pessoas que de alguma forma são esquecidas, desatentas ou agitadas. Também é mais comum que se fale em TDAH na infância, porém saiba que muitos adultos também sofrem com o problema, que sem diagnóstico e tratamento pode tornar a vida muito difícil.
O termo TDAH refere-se ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, um transtorno do neurodesenvolvimento, que se manifesta na infância e permanece para sempre com o paciente. Na vida adulta os sintomas costumam ser um pouco diferentes da infância, a desatenção costuma aparecer como uma desorganização, falta de planejamento nas atividades do dia a dia e dificuldade com a noção de tempo. Já a hiperatividade aparece como uma impulsividade ou desconforto com a quietude. Adultos com TDAH costumam sofrer mais acidentes automobilísticos, são impacientes e podem tomar más decisões frequentemente. Seus pensamentos costumam ser conflitantes.
Quando um portador de TDAH inicia uma atividade, começa a “zoeira mental”, seu cérebro capta tudo que está acontecendo no ambiente, cachorros latindo, caminhão passando, vizinho gritando com o filho, torneira pingando, um verdadeiro caos mental. Na região frontal de nosso cérebro encontram-se as funções executivas, só o nome já sugere funções muito importantes, elas são as responsáveis pelo nosso aprendizado. Entre elas estão a atenção, a memória, o planejamento e o controle inibitório. Aqui está uma das funções que não funcionam muito bem em pessoas portadoras de TDAH, o controle inibitório, que é responsável por controlar nossos impulsos e inibir os estímulos do ambiente para que consigamos focar na atividade que estamos realizando.
O grande problema não é a “falta de atenção”, mas o “excesso de atenção”, pois a pessoa com TDAH presta atenção em tudo, o que dificulta manter o foco. Um outro sintoma clássico do TDAH é a desmotivação em tarefas que exigem muito esforço mental, pois estudos mostram que o cérebro do portador de TDAH possuem alterações nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) – que estabelecem conexões entre os neurônios e são responsáveis pelo prazer e aumento da motivação, ou seja, o organismo produz menos desses hormônios.
Infelizmente, adultos com TDAH, acabam sendo rotulados de desinteressados, irresponsáveis e incapazes. Como um desistente crônico! A questão é que eles acabam errando muitas vezes, o que faz com que parem e retomem várias vezes as mesmas atividades, sem concluí-las. Essas e muitas outras dificuldades acabam afetando a autoestima dessas pessoas, que passam a acreditar que são burras, incapazes, preguiçosas e desorganizadas. Por isso o diagnóstico é uma “libertação”, pois os comportamentos passam a ter uma explicação, uma vez que trazem um sofrimento real e dificultam a vida do portador de TDAH.
É importante que o portador entenda o problema e busque ajuda profissional. Por mais que não se fale em cura, hoje o tratamento é realizado com medicações e terapias, com o objetivo de amenizar os sintomas e dar mais qualidade de vida para esses pacientes. Uma pergunta clássica: É preciso tomar remédio para o resto da vida? Não necessariamente, por isso a importância do acompanhamento médico. Conforme a evolução do paciente o médico pode reduzir ou até retirar o medicamento. O mais importante é o bem-estar do paciente.
Sem ajuda a vida com TDAH pode ser bem complicada e solitária, por isso, se perceber os sintomas, não deixe de procurar um médico psiquiatra ou neurologista, pois não existe nada que justifique ficar sofrendo com algo que existe tratamento.