Conhecendo os níveis de aquisição da escrita

Foto por Andrea Piacquadio em Pexels.com

Você sabia que existem fases da escrita? Quando a criança inicia o período de alfabetização é comum que a professora analise em qual hipótese de escrita a criança se encontra. Essas hipóteses estão relacionadas com a relação que a criança faz das letras com os sons, ou seja, com a fala.

Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1989) a criança passa por um processo de aquisição da escrita baseado em cinco níveis de hipóteses: pré-silábica, intermediário, hipótese silábica, hipótese silábico-alfabética e hipótese alfabética.

No nível da hipótese pré-silábica, a criança não diferencia a grafia de uma palavra em comparação com outra, utilizando traços muito semelhantes entre si. Neste nível, somente a criança é capaz de identificar o que escreveu. Desta forma, a escrita nesta fase pode não funcionar como veículo de comunicação.

Um dado interessante neste processo é que a criança consegue diferenciar seus grafismos pelas características do objeto referido. Por exemplo, se a criança representa a escrita das palavras hipopótamo e formiga, os traços maiores representarão o hipopótamo e os menores a formiga.

O desenho acaba se tornando uma estratégia de remissão ao conteúdo registrado pela criança e a necessidade de demonstrar o objeto escolhido por meio de suas características garante o momento da leitura.

No nível de hipótese intermediário, a criança começa a ter consciência da existência de alguma relação entre a fala e a escrita, além de começar a desvincular a escrita das imagens, dos números e das letras.

As produções da criança apresentam progressos gráficos e construtivos em relação ao nível anterior, ao escrever o próprio nome ou palavras que se interessou ela demonstra estabilidade, pois ainda conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.

Já no nível de hipótese silábica, as letras começam a ser usadas com valores silábicos fixos e o conflito entre a nova fase e a fase anterior provoca na criança um amadurecimento educacional.

Nesta etapa a criança percebe a relação da fala e começa a dar valor sonoro às letras, ela começa a deduzir que deve escrever tantos símbolos quantas forem às vezes que mexe a boca – cada sílaba oral corresponderá uma letra ou um sinal. Nesta fase, as produções de frases da criança costumam aparecer com a representação de uma letra para cada palavra, exemplo: CVL (cavalo), com (macaco) e assim por diante.

Em seguida ela passa da hipótese silábica para a silábico-alfabética, aqui se inicia uma busca por símbolos para expressar a escrita dos objetos escolhidos, tentando realizar a representação mais próxima da fala com a grafia.

A criança nesta fase pode combinar só vogais ou só consoantes, fazendo grafias equivalentes para palavras diferentes ou combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, buscando ajustar os sons, mas sem tornar ainda sua escrita socializável.

A última hipótese do processo de aquisição da escrita é o alfabético. Nesta fase, a criança compreende que a escrita tem uma função social: a comunicação.

É comum nessa transição de fase a criança ainda omitir letras e não separar todas as palavras na frase, mas ela é capaz de demonstrar que conhece o modo de construção da escrita e sabe que cada um dos caracteres corresponde a valores menores que a sílaba, além de conhecer também o valor sonoro de todas ou quase todas as letras, sem haver problemas no que se refere ao conceito da escrita.

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